quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Um passo à frente...



Muitas coisas na vida são irreversíveis. Existem feridas que não cicatrizam nunca. Elas melhoram, param de doer... Mas de vez em quando sangram.
Existem atos que são impossíveis remediar, existem remédios que se tomados em quantidades erradas viram poderoso  veneno. Existem culpas que jamais abandonarão os ombros fragilizados de quem as carrega. Existem palavras que saem pela boca e ecoarão eternamente nos ouvidos de quem as ouviram. Palavras mal ditas, palavras bem ditas, palavras doces, amargas, palavras ao vento... Existem os ventos, que sopram a favor, os que sopram contra, mas soprarão sempre. Despretenciosamente livres!
Existem atitudes que uma vez tomadas se transformam em fatos, consumados! Uma pedra que atiramos, ou um mergulho no mar... Como disse chico Science: "Um passo à frente e já não estamos mais no mesmo lugar"...
Mas o grande lance da vida é aprendermos a lidar com as nossas escolhas, com as nossas atitudes, as nossas vontades, os nossos fantasmas... Compreender a nós mesmos e nos aceitarmos como somos, mas avaliarmos, sempre, nossa presença no mundo, na vida das outras pessoas, das pessoas que amamos, com quem convivemos e dividimos os melhores e os piores momentos ou das pessoas que apenas nos rodeaim...
Somos cheios de defeitos e qualidades, e a balança pra dosar tudo isso está em nosso poder. Não devemos permitir que ela fique enfurrujada por falta de uso.
Quanto ao perdão... Acho que ele é o caminho do afeto, o sopro de uma alma leve... E só o nega, quem nunca experimentou o doce gosto do amor verdadeiro, do amor real, puro, incondicional!

sábado, 13 de setembro de 2008

O mundo é pequeno pra caramba...


Mundo pequeno, mundo imenso, mundo sem dono, mundo cão...
Mundo cruel, mundo doente, mundo cigano, mundo vilão!
Mundo ligeiro, mundo lindo, mundo livre, mundo adverso, mundo perverso...
Mundão!
Mundão véio sem porteira, sem fronteira, sem eira nem beira...
Mundão de nós todos. De todas as tribos, de todas as línguas, de todos os povos,
de todas as raças, de todas as cores, e sabores, e odores. Mundão de todas as dores e dissabores, de Déboras, de Dolores, de frutas, de drosófilas, de filas enormes, de ilhas, de oceanos, de vulcões, florestas,desertos... De ladrões, santos, profetas. De darks, punks, Gays, neohippies, mochileiros, internautas, donas de casa,crianças, católicos, mulçumanos, caretas, loucos, profanos...
Mundão de um tudo! Mundo desmundo! mundo fantasmo, mundo mágico, desumano... Mundo fantástico. Mundo!
Mundo novo, mundo velho, mundo mãe, mundo,um ovo! Mundo, um moinho... Mundo, mundo, mundo...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pequenas coisas que contam nossa história...



Eu já chorei em quarta-feira de cinzas com saudades do carnaval, já lambuzei minha cara toda de algodão doce, ja corri atrás de pé de vento, já briguei de murro na escola, já contei estrelas cadentes, já tive verrugas por causa disso, já botei apelido em meu primo que ficou de mal comigo por um mês, já voei de teco-teco, já tive medo de alma, já quis aprender jogar xadrez, já subi em roda-gigante, já fiz sapatinhos de tricô, já pisei em prego enferrujado, já tive febre de 40 graus, já comi bunda de tanajura, já lutei karatê, já andei de jeep, já acampei no mato, já vi o sol nascer deitada na praia, já paguei promessa em Bom Jesus da Lapa, ja fui pra lavagem do Bonfim, já senti culpa quando terminei o namoro, já namorei escondido na esquina, já roubei chocolate em supermercado, já andei de carona Brasil afora, já passei o dia inteiro tirando bicho de pé do meu pé e dos pés de meus amigos, já caminhei a pé de Cumuruxatiba até Porto Seguro, já enterrei um cachorro, já plantei uma árvore, já li o pequeno príncipe, já senti a dor de perder um filho, já fui parteira na beira do rio Tapajós, já morei num barco, já andei de canoa, já andei de cavalo, já fui mordida por piranha, já tomei chá de cogumelo, já ouvi o canto do uirapuru, já fui viciada em tacacá, já experimentei o santo daime, já me encantei na floresta e fiquei perdida uma noite inteira, já fiquei com o coração disparado milhares de vezes diante de tanta beleza que tem no mundo, já fiquei com o coração partido milhares de vezes diante de tanta maldade que tem no mundo, já vendi artesanato em bares, feiras, botecos, já chorei de ficar com os olhos inchados em filmes de amor, já fiquei sem dormir depois de assistir a filme de terror, já senti tanta dor diante das fotografias de Sebastião Salgado, já me emocionei ouvindo ópera, já sofri em final de novela, já usei uma fita amarela amarrada no cabelo, já fui Julieta em drama de escola, já dancei quadrilha com o menino mais feio da classe e gostei, já fui apaixonada pelo professor, já completei álbum de figurinhas, já tive a alegria e a dor da maternidade por quatro vezes, já cortei o cabelo bem curto e me arrependi depois, já matei muita aula pra beber cerveja com os colegas, já fiquei de re-re-recuperação muitas vezes no tempo da escola, já senti muita saudade de alguém, já escrevi em caderno de confidências, já morri e renasci tantas vezes, já tive síndrome de pânico, já morei na casa de vó, já dormi na praia em noite de lua cheia, já fui gata, macaca, loba, boba, já subi em árvore, já chupei caju no pé, já vivi momentos inesquecíveis alegres e tristes, já comi o pão que o diabo amassou, já fui no céu e voltei, já me lambuzei de mel e amor, já descobri que a melhor coisa da vida é viver e que os pequenos detalhes por mais simples e bobos que pareçam, compõem nossa trajetória aqui nesse planeta, onde estamos apenas esperando a chuva passar...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Cambodian... Camboja..



Estive recentemente no Cambodia. Um país que carrega nos ombros o peso de uma terrível história. Uma história milenar de riqueza e esplendor e uma história recente de sofrimento e genocídio. É também um pais com uma capacidade de recuperação impressionante. Hoje o Cambodia está em obras... Completamente em obras. Em rítimo de crescimento acelerado, correndo atrás do tempo perdido. Do tempo em que esteve afundado na escuridão, no medo, na fome, na ignorância e no ostracismo.

A pobreza e a riquesa, o novo e o velho, o trabalho e a perspectiva, a poeira e a esperança... Caminham pelas ruas de mãos dadas. Os Cambojanos sempre com um sorriso largo nos lábios, e os olhos brilhantes de agradecimento, simplesmente por estarem vivos.
Angkor, conta um pedaço dessa história de exuberância e riqueza . É Uma cidade incrível, de arquitetura surpreendente e única, que ficou perdida no tempo, e foi, literalmente, engolida pela floresta. Como nos contos de fadas. Uma cidade que chegou a ter um milhão de habitantes e hoje suas ruínas me levam a imaginar, como terá sido, há mil anos atrás? Quando tudo aquilo efervescia de vida, movimento e religiosidade. Onde centenas e centenas de artistas e artesãos esculpiam, moldavam e criavam figuras maravilhosas em pedra bruta, com suas ferramentas rudimentares...
São estátuas gigantescas, com sorrisos enigmáticos. Milhares de ninfas dançarinas, elefantes puxando seus carrosséis, dragões, leões, e deuses, brotando em flores de lótus... Um sonho fantástico e intrigante, que não parece ter sido realizado por mãos humanas.
Angkor, é realmente um programa imperdível, no Cambódia. Você compra um ticket, com a opção de um dia, três dias, ou uma semana, de passeio, por todo o parque. O que pode ser feito de tuc-tuc (uma moto incrementada por uma cabine, com lugares para até quatro pessoas), ou se preferir, alugar uma bicicleta... O ideal é chegar às ruínas (Que hoje formam um parque, tombado pela Unesco) de manhã bem cedo e ficar até o pôr do sol, depois voltar no outro dia pra conhecer um pouco mais, e no terceiro dia, vale estar de madrugada por lá, pra ver o amanhecer em Angkor. Algo quase irreal, de tão belo!
Se você optar pelo passeio de uma semana, terá muito o que explorar, inclusive banhos de cachoeira!
O Cambódia me seduziu irremediavelmete. Chorei como uma orfã nos seus campos de extermínio. Me surpreendi e me revoltei nos seus "museus de minas terrestres", nos seus "museus do genocídio"... Mas me diverti muito, com as pessoas nas praças, sentadas em imensos tapetes, comendo suas iguarias em fim de tarde.
Perambulei por suas ruas sem medo, e em nehum momento flagrei qualquer tipo de violência.
Rezei em seus templos coloridos e dourados e pude ver a esperança nos olhos dos jovens e crianças dali.
O Cambódia tem muito pra nos ensinar, experiência de quem morreu e ressuscitou!
Hoje, sua capital, Phnon Pen, é considerada uma das dez cidades do mundo que satisfazem plenamente seus habitantes. Eu vi e vivi um pouco de tudo isso. Valeu a pena ter ido!

domingo, 27 de abril de 2008

Dúvidas...


Dizem que quando nasce uma criança Deus sorri novamente pra humanidade.
Não sei se essa sentença ainda é válida nos dias de hoje.
Mas... E quando morre uma criança, o que acontece com Deus?
E quando morrem centenas de crianças, de fome, de sede, de maus tratos, jogadas pelas janelas dos prédios, esganadas e estupradas pelas próprias famílias, abandonadas a própria sorte?
O que acontece com Deus eu realmente não sei. Mas o que acontece comigo eu sei. Eu me sinto com as mãos manchadas desse sangue, não sei porque, mas eu me sinto co-responsável por essas atrocidades cometidas por seres humanos iguais a mim. Eu me sinto culpada e envergonhada de pertencer a raça humana quando percebo do que somos capazes. E me pergunto, como somos feitos a imagem e semelhança de Deus? O que tem haver com Deus essa ira monstruosa que nos habita, esse ódio desmedido que nos leva a cometar tantas insanidades. O que afinal nos torna semelhantes a imagem de Deus? Qual a diferença entre o ódio de quem é capaz de matar uma criança indefesa e o ódio de quem é capaz de linchar um assassino?
São muitas as minhas culpas e dúvidas e vergonha. E fico me perguntando aonde vamos parar... Será que Deus ainda sorri...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Semelhanças, heranças, etc

As vezes quando me olho no espelho, vejo nele sua imagem refletida. Seu rosto, na forma em que me lembro, quando eu tinha uns doze, treze anos e ela deveria ter a idade que eu tenho hoje. Me pego fazendo gestos tais quais ela fazia, ou usando uma expressão tipicamente sua. Acho que são coisas que a gente guarda bem lá no fundo, no inconsciente, e termina repetindo um dia, quando menos esperamos. Coisas que herdamos de mãe. Me vejo repetindo minha mãe, sempre. Até em coisas que eu odiava. A gente é filha de nossas mães por um bom tempo...O tempo que dura nossas vidas. Aprende tantas coisas com elas, suas manhas, suas manias, suas qualidades, suas bravuras e bravatas. De repente os papéis são invertidos e a gente vira meio que mãe de nossa mãe. Ela já está velha, cansada, precisando de nossos cuidados. O tempo passou e nós nem nos demos conta. Parece que foi ontem, que estávamos levando aquela surra ou aninhada em seus braços chorando de dor de ouvido ou ouvindo uma bela estória. Parece que foi ontem que estávamos pensando num jeito de fazer o que mais queríamos, que era cortar o cordão umbilical e sairmos pro mundo, sem nenhuma mãe por perto pra nos colocar rédeas curtas.
Hoje quando vejo minha mãe de cabeça branquinha, com aquele sorriso no rosto... Penso, em como a velhice adoça certas pessoas, em como a velhice lhes dá tolerância mesmo com toda impaciência peculiar da idade. A velhice é paradoxal e surpreendente. E quando se chega a ela com dignidade e cercada de amor... É muito mais leve!
Saudades de minha mãe de ontem, aquela que vejo refletida no espelho, quando olho pra mim mesma.
Feliz com minha mãe, agora meio filha, de hoje. Tão doce, compreensiva... Adoro quando ela alisa minhas mãos, meus braços... E sorri pra mim. Ou quando canta uma daquelas cantigas bem antigas e ingênuas... "Lá vem a Rita toda bonita... De braço dado com seu namorado. Fala baixo... Fala baixo... lá lá lá lá vem o delegaaaado"...