terça-feira, 18 de outubro de 2016

A mala

Quando viajamos pela primeira vez, normalmente carregamos uma mala grande, cheia de roupas para diversas ocasiões, alguns calçados para escolher em que momento usa-los, casacos só para prevenir, mesmo quando o lugar que vamos visitar esteja em pleno verão e apenas um xale ou um moletom resolveria. Necessaire cheia de produtos que muitas vezes derramam e melam toda a bagagem, e mais uma infinidade de coisas que achamos que serão indispensáveis... Na segunda viagem já aprendemos alguma lição. Da terceira em diante ficamos experts! Levamos apenas o essencial.
Na vida às vezes também é assim. Levamos uma mala pesada e cheia de mágoas, complexos, traumas, medos, sentimentos de rejeição, frases entaladas que nunca tivemos coragem ou oportunidade de pronunciar, rancores e afins Mas vamos amadurecendo e esvaziando a mala. Jogando no lixo da existência essas coisas que tornam pesada nossa bagagem e consequentemente atrapalham nossa viagem. Vamos priorizando afetos, amores, harmonia, alegrias e jogando fora os basculhos.

perdão

Todos nós temos um lado sombrio, outro iluminado... Somos os dois lados da mesma moeda. Alegria e tristeza, amor e ódio, erros e acertos, saúde e doença, fé e descrença, dúvidas e certezas, verdade e mentira, tempestade e calmaria... Yin e Yang! A grande alquimia é dosar os ingredientes para não estragar a receita. É não permitir que o fel contamine tudo, é estar atento e forte. É uma questão de manter "a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo"... Sei que não é fácil, é uma batalha do dia à dia. Eu não me eximo dos meus vacilos. Eles são tantos... Mas alimentar mágoas, gosto não! Uma reflexão antes de dormir vale muito a pena, especialmente pra gente perceber nossos próprios defeitos e não ficar colocando nos ombros dos outros culpas que também são nossas, ou culpas que nem sequer existem... Pedir perdão também é tão bom... Então, perdão, para quem está magoado comigo.

domingo, 16 de outubro de 2016

Espírito de pobre

Um dia uma pessoa me disse que eu tinha "espírito de pobre"... Eu lhe disse que por um lado eu sempre fui uma pessoa muito, muito rica. Tive sempre os maiores e mais bonitos quintais do mundo, por exemplo, o Recôncavo Baiano e seus campos de cogumelos, a imensidão do Tapajós, a prainha do pau rosa, as dunas do Maranhão... Me banhei nos mais belos rios que se pode imaginar, e sob a cabeça teto de estrelas... Vivi nos tronos do mundo, sempre fui rica, graças a Deus! Mas por outro lado sigo a risca a ideia de ganhar o pão com o suor do rosto, e sempre vou estar com um martelo (e uma foice, rsrsr) nas mãos, ou uma faca, ou uma tesoura, ou uma enxada, uma caneta ou um pincel, e rodeada de gente que como eu, trabalha... pano na cabeça, unhas sujas, cheirando a suor, tomando café com pão, dando risada, descalça, futucando lixo nas calçadas... Deve ser por isso o "espírito de pobre", coisa que eu tenho tanto orgulho... Ruim é ter espírito de porco!