terça-feira, 8 de agosto de 2017

A bela Jade e o velho Cajueiro

Ela foi chegando meio tímida... no primeiro ano nem floriu. Depois veio o tempo das chuvas, e de uma hora pra outra era exuberância pura. Na força da lua a bela Jade seduziu completamente o velho Cajueiro. Enroscou seus caules floridos de trepadeira vigorosa, naqueles galhos enrugados, apertou fortemente seu tronco, que estava ali, plantado há décadas e reinando solitário naquele pedaço de quintal. A bela Jade não se importou com nada, nem com o balanço que vivia pendurado no tronco do velho, nem com os ninhos dos pássaros que aproveitavam aquela sombra, nem com os micos que porventura encontravam alguma castanha perdida, ou algum caju maduro e doce, e brincavam pulando de galho em galho... A Jade queria apenas ser bela e crescer livre em busca do sol. Era de um vermelho que nem parece existir, de tão bonito, de tão retinto... Com aquelas flores de forma estranhamente sexy. O velho Cajueiro sucumbiu ao seu vigor. Seu tronco está partido ao meio, e a bela Jade tomou posse de tudo. Até que caiam todas as sua flores, até que suas folhas sequem... Talvez brote um novo cajueiro. Não sei!