quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Que saudade daquelas ávores...

Na primeira semana de dezembro começava aquele rebuliço. Era o momento de sair de carro pelos arredores da cidade, as vezes íamos até meio longe... Pra buscar um galho de árvore seco, que seria nossa árvore de natal. A escolha era bem feita e cuidadosa. Tinha que ser um galho com um design legal. Várias famílias da minha rua, faziam isso, e a meninada adorava esse ritual. Depois da "colheita" do galho seco, era a hora de limpa-lo bem limpinho, pra tirar todas as cascas e excessos. Então começávamos a enrolar os galhos com algodão. E haja algodão! Era pra parecer neve, mesmo! Depois colocávamos as bolas coloridas, vindas de outros natais... Mas sempre tinha uns acessórios novos, pra tapear a criançada e compensar algumas bolas que sempre quebravam durante a exposição da árvore, que ia até o dia de Santo Reis. Todo esse ritual era tão mágico! Dava uma emoção... Desde abrir a caixa com as velhas conhecidas bolas coloridas, até enrolar os galhos com o mesmo algodão já amarelado pelo tempo, e mais uma vez pra tapear, misturava-se um pacotinho de algodão novinho em folha...
O natal tinha um cheiro diferente, um gosto especial. A ansiedade que tomava nosso corpo era outra. O corre corre daqueles dias tinha um movimento leve, e o relógio do tempo corria em outro compasso. Apesar de nem usarmos a expressão reciclagem, tudo era feito dentro dessa proposta. Consumo sustentável! Éramos ecológicos e nem sabíamos. Além da árvore de galhos secos, algodão e bolas reaproveitáveis... Haviam os arranjos natalinos, feitos com "canoa" de coqueiro e os cachos de coquinhos pequenos que caiam naturalmente dos pés de côco. Juntava-se tudo isso e com uma demão de tinta prateada ou dourada, estava pronto o arranjo mais lindo que nós já havíamos visto em toda nossa vida.
Como era simples e belo o natal daqueles tempos, como eram belos nossos olhos e puros nossos corações. Depois... Só tive natais assim, quando nasceram meus filhos e até enquanto eles eram cianças.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dá uma saudade... Essas memórias afetivas são foda!