quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Tempo, ah! Esse tempo...

Esse tempo que não me pertence, mas pesa em meus ombros, me aperta a garganta, me esmaga o estômago, deixa em minha boca um gosto de não sei o quê... É o mesmo tempo que me fazia esquecer tudo, passava por mim devagar, silencioso, imperceptível, quase mudo, enquanto eu brincava de voar como borboletas no quintal.
É o mesmo tempo que embalava minha rede por horas a fio, compreensivo, misterioso, sem pressa, e dava um ar de eternidade a minha infância distante, agora quase perdida no emaranhado da minha memória que se esvai.
Esse tempo, senhor tão bonito, constante, inflexível, implacável, traiçoeiro... Agora me deixa sorve-lo apenas em goles pequenos , quase homeopáticos. Por vezes se descortina, se desnuda todo faceiro, enquanto durmo um sono leve e efêmero.  E no dia seguinte me olha com desdém, como quem diz: Aproveite, pois escorro-lhe pelos dedos, não pertenço a ti nem a ninguém senão a mim mesmo.

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