Apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos, eles estão ali com as mãos abertas estendidas, prontas pra nos segurar, ainda que já não tenham mais a força, aquela força do herói e da heroína, que povoava nossa imaginação de criança e que nos protegia dos nossos medos. Hoje seus cabelos branquearam, suas peles perderam o viço, mas os olhos que nos olham são os mesmos da vida inteira. Olhos de quem quer nos ler a alma, compartilhar nossos sonhos, abrir as portas dos nossos desejos e nos entregar na bandeja um mundo que eles sonharam pra nós, sentir até nossas próprias dores, se isso fosse possível...
Eles nos olham, e em seus olhos de pálpebras cansadas há sempre um pedido de perdão. Porque eles sentem que faltou alguma coisa, uma palavra no momento certo, um gesto... talvez!
O sonho da maioria deles é que sejamos o que eles não puderam ser, é que façamos o que eles não puderam fazer, (ou não façamos algumas coisas que eles fizeram...) é que tenhamos o que eles não tiveram, é que sejamos melhores do que eles foram. E é assim que nós somos também, é nesse espelho que vemos nossa face, nossa alma refletida. É nesse espelho que queremos que nossos filhos mirem-se. Porque também queremos que eles sejam melhores do que somos. Como disse o poeta: "Apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos, como os nossos pais"
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