domingo, 16 de outubro de 2016

Espírito de pobre

Um dia uma pessoa me disse que eu tinha "espírito de pobre"... Eu lhe disse que por um lado eu sempre fui uma pessoa muito, muito rica. Tive sempre os maiores e mais bonitos quintais do mundo, por exemplo, o Recôncavo Baiano e seus campos de cogumelos, a imensidão do Tapajós, a prainha do pau rosa, as dunas do Maranhão... Me banhei nos mais belos rios que se pode imaginar, e sob a cabeça teto de estrelas... Vivi nos tronos do mundo, sempre fui rica, graças a Deus! Mas por outro lado sigo a risca a ideia de ganhar o pão com o suor do rosto, e sempre vou estar com um martelo (e uma foice, rsrsr) nas mãos, ou uma faca, ou uma tesoura, ou uma enxada, uma caneta ou um pincel, e rodeada de gente que como eu, trabalha... pano na cabeça, unhas sujas, cheirando a suor, tomando café com pão, dando risada, descalça, futucando lixo nas calçadas... Deve ser por isso o "espírito de pobre", coisa que eu tenho tanto orgulho... Ruim é ter espírito de porco!

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