Um dia uma pessoa me disse que eu tinha "espírito de pobre"... Eu lhe disse que por um lado eu sempre fui uma pessoa muito, muito rica. Tive sempre os maiores e mais bonitos quintais do mundo, por exemplo, o Recôncavo Baiano e seus campos de cogumelos, a imensidão do Tapajós, a prainha do pau rosa, as dunas do Maranhão... Me banhei nos mais belos rios que se pode imaginar, e sob a cabeça teto de estrelas... Vivi nos tronos do mundo, sempre fui rica, graças a Deus! Mas por outro lado sigo a risca a ideia de ganhar o pão com o suor do rosto, e sempre vou estar com um martelo (e uma foice, rsrsr) nas mãos, ou uma faca, ou uma tesoura, ou uma enxada, uma caneta ou um pincel, e rodeada de gente que como eu, trabalha... pano na cabeça, unhas sujas, cheirando a suor, tomando café com pão, dando risada, descalça, futucando lixo nas calçadas... Deve ser por isso o "espírito de pobre", coisa que eu tenho tanto orgulho... Ruim é ter espírito de porco!
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